Contra a mentira dos 500 anos, contra 500 anos de mentira...

500 anos de resistência negra, indígena, popular e proletária!

Diante de nós se desenvolve uma das mais infames campanhas de mentira e alienação que já existiu nestas terras. Trata-se das ditas "comemorações dos 500 anos de Brasil", nas quais juntam forças desde o governo federal e estadual até as maiores empresas que acumulam riquezas explorando o suor do povo trabalhador e explorado, passando pelos meios de comunicação liderados pela tenebrosa Rede Globo — maior símbolo da mentira oficial do país.

Campanha mentirosa cujo objetivo é o mesmo da história oficial ensinada ao povo, mas escrita pelos que até agora gozam de infinitos privilégios, à custa de assassinatos, genocídios e etnocídios de povos e culturas. Falam de conquistas, tecnologias, riquezas e progressos. Mas o que vemos é desemprego, fome, violência, miséria, exploração e opressão.

São 500 anos de extermínio de indígenas, que resistem até hoje; de guerras aos africanos, seqüestrados de suas terras para sofrer o pesadelo da escravidão; da opressão de camponeses e trabalhadores do campo em geral, aos quais sempre é negado o acesso à terra que trabalham e da qual extraem tanta vida e riqueza; da repressão aos operários e todos os trabalhadores das cidades que constróem maravilhas, mas aos quais é negado o direito de usufruir do produto de seu esforço e talento.

Mas, sobretudo, são 500 anos de resistência negra, indígena, popular e proletária!

Tentam mutilar a memória popular. Apagar de nossas lembranças coletivas tudo o que há de realmente belo e glorioso na história destas terras. A história de lutas e resistências do povo que jamais aceitou passivamente a opressão dos dominantes.

Falam de Cabral, Vargas, Duque de Caxias, Plínio Salgado e seus descendentes assassinos para que o povo tenha cada vez menos oportunidade de lembrar personagens e opisódios como Palmares e a Revolta dos Malês, a Confederação dos Cariris e a Guerra Guarani, Zumbi, Canudos e Contestado, Conselheiro e João Cândido. As greves de 1917 e as ligas camponesas; a reistência à ditadura militar e a luta dos sem-terra; e todos os demais que lutaram e ainda lutam por um mundo novo, igual e justo.

Serão necessários mais 500 anos para virar a mesa? Acreditamos que não. Enquanto a riqueza que se produz com nosso sangue ficar no bolso dos empresários, dos capitalistas e dos homens do Estado, não seremos felizes, humanos e livres; continuaremos como escravos sem cor. Seremos trabalhadores brasileiros, alemães, mexicanos, franceses ou qualquer coisa parecida com um homem ou uma mulher.

Olhe ao seu redor. Não há o que comemorar. Há, sim, que se tomar o toque que nos foi roubado antes de nascermos! Matemos o capitalismo!

Vamos nos encontrar para protestar contra os 500 anos de mentiras e a mentira dos 500 anos... e para festejar os 500 anos de resistência indígena, negra, popular e proletária!

Dia 18 de abril (terça-feira) — às 9 horas Praia do Náutico (Relógio da Globo)

Comitê de Solidariedade às Comunidades Zapatistas — Comissão Pró-Centro de Cultura e Organização Proletária — União das Comunidades da Grande Fortaleza — Movimento de Estudantes Revolucionários — Movimento Anarquista — Coletivo contra-a-corrente — Independentes

 

E no 1º de maio, voltaremos às ruas, como milhares em todo o mundo, atendendo ao chamado da AGP (Ação Global dos Povos) para que façamos nesse dia uma ação mundial contra o capitalismo!


Struggles in Brasil | IMF/ WB Struggles | PGA