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Se foi o BID
Por Cardes (das listas...) 06/04/2006 às 23:27 | brasil.indymedia.org


Se estavam à paisana...

Há quem jure ter visto altos executivos com crachá de participante do encontro do BID fazendo sinal da cruz toda vez que passavam em frente à agências bancárias, no seu caminho do hotel para o Parque da Gameleira ou Palácio das Artes.

Com meus olhos vi, através das treliças da porta da Serraria, Gal Costa cantando London London e mestres cucas passando com pratos chiques por entre aqueles engravatados e donas de vestidos chiques. Vi também da janela do ônibus a Afonso Pena fechada... Feira hippie chic. Aécinho tava lá dentro do Palácio das Artes artiloso que só, falando uma coisa e fazendo outra. Propaganda e mais propaganda. Vi que tinha cidadão de bem tentando seguir seu caminho e sendo barrado. Salve o BID. Vamos receber bem para receber sempre. E como diz meu amigo Dedé, vamos recebendo a quinhentos anos.

Senti a energia negativa que tais barreiras geraram nos indivíduos, até os mais simples, que transitavam no centro em dias do encontro. "Ainda bem que isso acaba amanhã", "A gente que é pobre... olha o monte de carro importado indo lá pro Palácio". Dá pra imaginar as negociatas.

Tentaram me cooptar pra uma reunião do BID... "Promovendo o Desenvolvimento e a participação Juvenil na América Latina e Caribe".

Não me animei. Anderson, também coordenador da Associação Horizontes, foi lá conferir. O desenvolvimento proposto pelo pessoal do BID é um desenvolvimento atrelado a submissão intelectual e econômico. O único tipo de investimento que estavam dispostos a fazer era em cursos profissionalizantes. Formar mão de obra para as empresas. Investir em cursinho para moradores de vilas e favelas afro descendentes... Nem pensar. Depois esse povinho começa pensar e a dar trabalho.

Milton Nascimento foi fazer o show de encerramento. Bravo! Adoro vê-lo nas campanhas do Aécio, junto com Ziraldo e companhia. Vamos rapando o tacho. Tem pra todo mundo. Ao povo as migalhas e olhe lá.

Cemig teve portas e equipamentos quebrados. Assunto complicado. Polícia descendo a lenha. Polícia tomando. A imprensa aproveita o quebra quebra pra difamar mais os movimentos. Sou pacifista. Mas tem hora que a indignação vira gesto...

E pros pacifistas sobraram automáticas apontadas na cabeça e uns tapas de graça. Terça-feira, 03 de abril, fui abordado por dois policiais à paisana, que delicadamente me forçaram a apagar imagens que tinha feito deles sem querer horas antes. Fiz uma panorâmica da praça, para registrar o acampamento de lona do pessoal do MST e do MAB. E os espertos dos puliças estavam arapongando vestidos de civis.

Assistiram a fita toda e mandaram eu apagar o trecho de 1 segundo que eles apareciam microscópicos e de relance no meio das barracas de lona.


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