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"As vítimas do agronegócio" presentes em Curitiba para a COP 8
Terça, 21 de Março de 2006 | www.radiomundoreal.fm download (MP3 • 1,4MB • 2:56 min)


Uma das atividades organizadas no Fórum Global da Sociedade Civil paralelamente à COP 8 que se realiza nesta semana em Curitiba, consistiu na apresentação de testemunhas de vítimas e afetados pelas empresas transnacionais da agroalimentação provenientes do Paraguai, Argentina, México, Equador, Brasil e Colômbia. Um dos depoimentos mais emotivos foi apresentado pela camponesa paraguaia Petrona Vilasboas, mãe de Silvino Talavera, criança que morreu envenenada por agrotóxicos regados diretamente sobre seu lar no dia 7 de janeiro de 2003.

Outro depoimento foi o de Jorge Galeano, dirigente do Movimento Agrário Popular do Paraguai, que expôs a situação dos trabalhadores sem terra e pequenos agricultores do departamento de Caaguazú diante do avanço incontido dos cultivos de soja transgênica de empresários estrangeiros. Segundo Galeano, 90 mil trabalhadores são despejados de suas terras anualmente".

"No Paraguai há atualmente mais de 2 milhões de hectares de soja transgênica, e com um crescimiento de 250 mil hectares por ano. Ocupa 64 porcento de tudo o que se cultiva no país". Os impactos deste modelo são a expulsão dos pequenos agricultores, comunidades indígenas e camponeses sem terras.

"Tudo isto se expressa no aprofundamento da pobreza, a concentração das terras em poucas mãos e a permanente violação dos direitos humanos dos camponeses" afirmou Galeano.

Por sua vez, Sofía Gatica apresentou a desesperada situação em que vivem os habitantes do bairro Ituzaingó Anexo, na província de Córdoba, Argentina. Gatica é fundadora da organização Mães de Ituzaingó Anexo, que vêm denunciando o sistemático e indiscriminado uso de agrotóxicos para os plantíos de soja transgênica.

Por causa da grande quantidade de malformações congênitas, casos de câncer, leucemia e púrpura, que afeta sobretudo às crianças, o bairro Ituzaingó Anexo foi declarado há três semanas como "inabitável" pelas autoridades sanitárias da província.

"Isto o devemos ao fato de que a Argentina seja o segundo exportador de soja transgênica do mundo" disse Gatica. O bairro Ituzaingó Anexo está cercado por plantios de soja transgênica, que com fumigações permanentes de agrotóxicos como glifosato, endosulfan, DDT e malation.

"As análises médicas que foram feitas na água que consome o bairro revelaram que está contaminada com Endosulfan" informou a ativista. Ainda assim com estas provas, "o governo provincial nega a problemática" concluiu.

As Mães de Ituzaingó Anexo têm começado a coordenar ações e campanhas com outras organizações de base como a dos camponeses do norte da província de Córdoba, "que também estão sofrendo o despejo de suas terras pelo avanço da soja".

Outra estratégia que utiliza a organização de Ituzaingó Anexo é a denúncia internacional do que estão sofrendo, já que segundo Gatica, "já não sabemos como nos defender".


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