arquivos dos protestos globais
archives of global protests

Relato de lançamento de comitê contra à ALCA em BH

by autô 7:40pm Wed Sep 4 '02
http://www.midiaindependente.org/front.php3?article_id=35702

Me convidaram para o lançamento de um comitê contra à ALCA em BH lançado pelo DCE da PUC-MG, onde haveria uma palestra, movido pela curiosidade e como era na hora do horário eleitoral fui lá conferir o que ia rolar. Os convidados para falar sobre o assunto eram um historiador da USP e o João Pedro Stédile do MST.

Como tive dificuldades para chegar até o local, cheguei atrasado e o historiador já estava no meio do discurso e haviam umas 300 pessoas na platéia, me parece que no início foi exibido um vídeo pois havia uma televisão no local.

Devido ao ocorrido em Fortaleza e como a imprensa costuma noticiar estes atos achei que haveria muitos políticos aproveitadores no local mas a propaganda política foi relacionada com o assunto (um jornal sobre a Alca com anúncios de alguns candidatos e um manifesto de militantes de um partido). É lógico que nem tudo é perfeito, uns dois candidatos distribuiram santinhos além de um integrante do dce ter citado em determinado momento o nome de dois candidatos presentes no local (que pelo menos ficaram até o final, junto com seus cabos eleitorais, que se fossem puramente funcionários pagos já teriam picado a mula, aguentando o vento frio conosco). Além do que, quando o Stédile criticou os candidatos de esquerda que não estão participando da luta contra à Alca para cuidar exclusivamente da campanha, segundo ele 90% dos candidatos, houve aplauso geral.

Enfim, falemos da palestra em si, como disse o historiador estava falando quando cheguei, não sei se ele não foi muito objetivo, se eu ainda estava vendo se valia a pena ouvir ou se foi ele quem viajou, mas não captei muito do que ele queria dizer. Ele disse que os candidatos a presidente mais parecem candidatos à presidentes do Banco Central, pois parece que se preocupam apenas com o caixa do país e se esquecem de todo o resto. Disse que neste acordo com o FMI há uma cláusula que obriga o Brasil a acelerar as negociações com a Alca. (Eu acho que neste acordo do FMI há muito mais cláusulas que foram escondidas pela imprensa.) Ele disse que houveram vários momentos na história em que se definiram quais seriam as grandes potências do mundo de determinadas épocas (ele citou vários, um era a vitória do Japão sobre a Rússia os outros não posso citar com certeza), e que o momento atual é um desses momentos de definição e é importante que o Brasil não se submeta a dominado. Recomendou também a leitura do livro "O Império" que fala sobre o novo modelo de imperialismo.

Depois do historiador foi a vez do Stédile falar, ele falou que é indiscutível que a crise existe, a única dúvida é se ela é curta ou longa. Para tentar sair da recessão (que é a crise do consumo e consequentemente produção) o governo dos Eua está incentivando o consumo de um determinado tipo de produto, que são os armamentos de guerra, que permitem injetar milhões na economia em um curto espaço de tempo. Isto quando não bilhões no caso de aviões invisiveis ao radar (e deste sistema anti-mísseis). E são bens destrutíveis, as bombas, mísseis e munições se auto-destroem (além dos frequentes acidentes aéreos) garantindo uma demanda constante (isso sem falar nos gastos com transporte, alimentação e salários). E que é disto que as guerras do Bush tratam, a questão ideológica é só uma desculpa, não importa se seja Iraque, Colômbia e quem quer que venha depois, o importante é injetar dinheiro público nas empresas, subsídios, mas que da forma como é feito nenhum país poderá reclamar na Omc.

Ele falou que a Alca é muito mais do que a quebra das barreiras alfandegárias, como se limitam a discutir a tv e alguns candidatos, ela envolve muito mais do que isso, seu objetivo é dar as empresas americanas total liberdade para explorarem o Brasil, são muitos outros acordos além dos comerciais, e que o governo dos Eua possuem 6000 funcionários para planejá-los e analisá-los enquanto o Brasil possui apenas 30 funcionários de terceiro escalão envolvidos com o assunto. (o que se pode esperar de um acordo assim?)

Ele disse que o propulsor da economia no século 20 foram os automóveis e aviões, mas agora este setor se estagnou e o que tomará lugar é a biotecnologia (acho que ele falou mais outro). Que envolve a patente sobre medicamentos e formas de vida. De medicamentos ele falou que a Amazônia é a maior fonte e das patentes citou o perigo dos trangênicos além do monopólio que empresas poderiam ter sobre descobertas importantes para a vida da humanidade.

Falou também que a utilização da base de alcântara pelos americanos nada tem de fins espaciais, pois segundo ele foi informado por alguém da aeronáutica, a base suporta apenas foguetes pequenos, que os Eua há muito não usa. Acho que ele mencionou que os Eua tem 34 bases de lançamento em todo mundo e não precisariam de mais esta. Segundo ele a base de alcântara servirá para fins militares e de monitoramento da Amazônia.

Eles devem ter falado mais mas agora não lembro, para finalizar lembro da resposta do historiador à pergunta de um estudante que queria saber como poderiamos agir para evitar a Alca, ele disse que existem e podem ser pensadas várias formas de luta, mas que no momento atual deveriamos dedicar todos esforços ao plebiscito.


Brasil | ALCA/FTAA | IMF/WB | AGP/PGA