Sobre os assassinatos políticos na Colômbia Pedro Pablo Cardoso - 10 Nov 2001 A guerra contra o terror e a escalada da repressão a estudantes e sindicalistas na Colômbia Na Colômbia a camuflada, porém não menos real aliança entre paramilitares, polícia e militares tem resultado em muitas ações secretas (e as vezes públicas) para desmantelar todo movimento de protesto social "perigoso" para o sistema. A repressão tem sido uma constante histórica dentro do processo da luta transformadora. Em 1954, 10 estudantes foram assassinados pelas mãos da polícia no campus universitário e mais 40 ficaram feridos. Em 1991 o estudante John Wilson Rodríguez foi morto com uma bala disparada por policiais. Com a recente implementação do Plano Colômbia, os opressores não descansam e sob uma aliança confusa e escondida, vários estudantes, sindicalistas e professores estão sendo assassinados misteriosamente nos últimos anos. As AUC (Autodefesas Unidas de Colômbia), tem declarado guerra a qualquer foco revolucionário, incuindo não apenas as guerrilhas, mas também estudantes, sindicalistas e outras organizações. As frentes urbanas paramilitares da AUC tem se dedicado a distribuir propaganda ameaçadora dentro das instituições de educação pública universitária. Desde os eventos de 11 de setembro, e da declaração de guerra contra o terrorismo, os atores armados da direita tem levado a cabo uma escalada em suas ações mortíferas. Algo similar tem ocorrido com a polícia, que tem se tornado muito mais violenta nas últimas manifestações. A opinião pública é diariamente confundida pela mídia corporativa, levando a população a apoiar a guerra contra o terrorismo porque pensam que a resistência ao capitalismo é justamente o problema nos país. A grande maioria está convencida a defender qualquer força que acabe com focos revolucionários. Nas últimas semanas a polícia tem cerceado o direito a manifestação. Em 28 de setembro, dia de protesto contra o Banco Mundia e o FMI, 22 estudantes foram detidos e espancados pela polícia, e era uma manifestação lúdico-pacífica. Na última Paralisação Nacional de primeiro de novembro, muitos foram presos e também duramente agredidos. Há aproximadamante 3 semanas, 8 sindicalistas da USO (União Sindical Operária), foram detidos pela polícia acusados de rebelião. Recentemente cinco foram liberados mas outros três permancem presos, enquanto os trabalhadores da USO começavam uma greve pela redução da carga horária. No mesmo 7 de Novembro, a polícia reprimiu fortemente a vários refugiados (camponeses que fugiram de suas terras por causa da violência) que exigiam comída e teto. Neste mesmo ano, a repressão estudantil tem mostrado um perigroso aumento. No início de 2001, dois estudantes foram assassinados na Universidade do Atlântico, a uma semana atrás um outro foi morto na Universidade de Tolima. Na última quarta-feira um estudante foi assassinado pela polícia no campus da Universidade Nacional e no dia seguinte (8 de novembro) dois estudantes foram assassinados dentro da Universidade de Antióquia (autores não identificados). Os jornais, não fazem nenhuma relação entre estes assassinatos e dão descrições equivocadas desses estudantes. A polícia se omite alegando estar investigando e os políticos lançam propaganda negando o elo entre militares e paramilitares. O certo é que as coisas estão acontecendo e os estudantes estão determinados a resistir. Nesta semana ocorreram grandes marchas e protestos em todo o país contra a crescente onda de repressão, além disso houve um importante apoio internacional com o objetivo de que acontecimentos como esses não terminem impunes.