A cidade mexicana de Cancun já começa receber autoridades e delegações de representantes para a V Reunião Ministerial da Organização Mundial de Comércio (OMC), que acontece de 10 a 14 de setembro.

Paralelo ao evento, será promovido o Fórum dos Povos, que reunirá milhares de pessoas de várias partes do mundo que também já afluem ao local para participarem nas discussões alternativas para se pensar um modelo distinto de sociedade para a humanidade.

Devido à importância dos eventos para a definição do futuro dos povos, a Associação Latino-americana de Educação Radiofônica (Aler) e a Associação Mundial de Rádios Comunitárias (Amarc) já iniciaram uma ampla cobertura a partir do cenário das duas reuniões. Os dois meios de comunicação mostrarão dos bastidores os preparativos finais para a realização dos encontros até os momentos principais, as decisões que afetarão a vida de todas as pessoas no planeta. Para a população de língua portuguesa, as informações diretas de Cancun serão traduzidas e trabalhadas pela Agência de Informação Frei Tito para América Latina (Adital).

Forte esquema de segurança e barreiras para os visitantes

Dois navios do exército mexicano estão ancorados no porto de Cancun e um porta-aviões das forças armadas dos Estados Unidos circula pelas águas internacionais na região da cidade. No que diz respeito ao policiamento nas ruas, os números não são precisos, e o objetivo, segundo a prefeitura, é resguardar os detalhes sobre o esquema de segurança montado para a ocasião. No entanto, uma simples visão das vias públicas de Cancun mostra que a cidade está tomada por efetivos pertencentes à Polícia Federal Preventiva, à Polícia Municipal e ao Estado Maior Presidencial.

Fortes medidas de segurança no aeroporto de Cancún têm provocado incômodos aos convidados. São bastante minuciosas as medidas para a revista de passageiros e é ostensiva a presença de membros da Polícia Federal Preventiva. Inclusive convidados para a reunião da OMC estão passando por este rígido controle. No domingo à tarde, o Ministro da Economia da Russía teve problemas com oficiais, que abriram sua bagagem. Outro caso foi o de Peter Roset, co-diretor do Instituto Food First de São Francisco (Estados Unidos), que teve de se submeter a um interrogatório no aeroporto.

Com relação a muitos líderes sociais, como o boliviano Evo Morales, a hondurenha María Alicia Calles, o indonésio Henry Saragih, entre outros, sequer chegaram ao aeroporto de Cancun, visto que desde o início o governo mexicano negou-lhes o visto. Também continuam chegando por via terrestre distintos contingentes de organizações sociais, que também estão enfrentando fortes controles policiais.

A escolha de Cancun para sediar as reuniões

Cancun, conhecida pelos maias como um ninho de serpentes, é uma das cidades mais caras do continente americano, o que poderia restringir os atos paralelos à reunião da OMC, fato que não ocorreu.

Os custos elevados para quem visita a cidade devem-se a intensa atividade turística, cuja rentabilidade para o país é questionável. Um tema que preocupa os ambientalistas mexicanos é a cada vez menor sustentabilidade do turismo na cidade. Parece inverossímil sendo Cancun uma cidade que se acredita arrecadar muitas divisas para os mexicanos. Na realidade, os contingentes de turistas que chegam dos países europeus a cidade o fazem através de vôos de linhas aéreas européias.

Da mesma maneira, os gerentes de hotéis e a equipe de profissionais que cuidam da diversão na cidade cruzaram o oceano para trabalhar em Cancun. Por isto, os próprios mexicanos foram retirados de seus antigos postos de trabalho na cidade.

Como símbolo desta exploração externa e generalizada, visto que atinge pessoas e meio ambiente, escolheu-se o golfinho, aprisionado em tanques para divertir turistas, sofrendo pela privação da liberdade. Para denunciar tal situação, se programou uma marcha com a participação de 360 pessoas fantasiadas de golfinhos.

Para Araceli Domínguez, representante do grupo ambientalista de Mayab e Gema, "todos os animais merecem e possuem o direito de viver em liberdade, assim como possuem todos os seres humanos. A mensagem da marcha, que se chama 'golfinhos pela liberdade', é manifestar e levar a voz da natureza, a voz destes golfinhos que estão em cativeiro, para que os animais sejam postos novamente em liberdade", disse Domínguez.

A organização ambientalista também exige que a OMC "respeite o direito que os povos possuem de resgatar e manter suas tradições. O direito de terem sua própria cultura". "Estamos contra a globalização que eles conduzem. Queremos uma promoção da riqueza, da saúde, da educação, das oportunidades para todos, da justiça".

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INFORMAÇÃO: A Adital, Aler e Amarc fazem cobertura de Cancun

ATÉ O DIA 14 DE SETEMBRO, ALER E AMARC, ESTARÃO EM CANCUN PARA DAR COBERTURA ÀS MOBILIZAÇÕES SOCIAIS CONTRA A GLOBALIZAÇÃO NEOLIBERAL E AS REUNIÕES DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO. Isto graças ao apóio da Agência de Cooperação canadense "Desenvolvimento e Paz". A Agência de Informação Frei Tito de Alencar para América Latina (Adital) será a responsável por traduzir o material enviado de Aler e Amarc para o português.

Para mais informação ou áudios sobre Cancun, escreva ao:
prensaaler.org
http://www.aler.org.ec