Fracassou a OMC: mulheres, ocupações e campesinos
Por CMI Galiza (Tradução Die-go) 14/09/2003 às 16:55
http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2003/09/263456.shtml

A quinta reunião ministerial da OMC em Cancún fracassou em suas duas frentes.

Santiago de Compostela

Mulheres enfrentando o poder da OMC

Fracassou a OMC: mulheres, ocupações e campesinos
CMI Galiza

A quinta reunião ministerial da OMC em Cancún fracassou em suas duas frentes.

Por um lado, a OMC fracassou em sua frente interna ao ser incapaz de se chegar a um acordo homogêneo nas matérias chaves deste encontro: agricultura, transgênicos e energia que dependem de de outros acordos de grande alcance como a ALCA. A forte posição mantida pelo G21, grupo de 21 estados liderados por Brasil e pelo próprio México frente às posturas mantidas por Estados Unidos com o apoio da União Européia têm sido determinante para o bloqueio efetivo até o último momento, tal como o apontam observadores internacionais do interior do Centro de Convenções. A saída das negociações da Via Campesina e seu contato com o EZLN são uma boa mostra de resistência ativa.

Como consequência desta falta de acordo interno, o fracasso da OMC se reflete também em sua frente exterior e talvez seu objetivo mais importante: a legitimação de um modelo de economia planetária imposto pelo poder político e militar de grupos sinistros como o G8 com o apoio financeiro do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional. É comum fazer referência a este modelo econômico como "Globalização Neoliberal".

Seria cômodo atrubuir este fracasso à previsível divergência de interesses estratégicos entre os participantes desta cúpula. Porém, o certo é que o caminho percorrido pela OMC desde sua terceira reunião em Seattle até esta quinta em Cancún tem estado submetido à permanente pressão de uma mobilização social em escala planetária que continua então manifestando cada vez com maior efetividade seu rechaço frontal a essa globalização neoliberal e propondo ao mesmo tempo distintas alternativas baseadas no respeito ao meio natural que promovem valores como a solidariedade e a liberdade do indivíduo.

A reação dos poderosos vêm da mão dos acontecimentos de 11 de setembro de 2001 que propiciou o recrudecimento de práticas de controle e vigilância por parte dos governos. O objetivo não é outro senão controlar (castigar) a capacidade de convocação deste fenômeno social. Ao mesmo tempo os meios de comunicação de massas contribuem para silenciar a voz d@s sem vozes e fortalecer sociedades baseadas no medo e na apolitização.

Na Europa as forças de "segurança" têm identificado o movimento 'okupa' como o principal responsável do movimento anti-globalização posto que em seus centros sociais autogestionados se dão as condições para que possa converger essa diversidade que busca alternativas e soluções.

Por isso centros sociais com mais de doze anos de existência como a Casa Encantada de Galiza (onde ainda estamos sofrendo as consequências da maior catástrofe ecológica da Europa: o derramamento do Prestige) ou a Kasa de la Muntanya de Barcelona estão sendo objeto de uma caça legal e policial que busca seu desaparecimento e o despejo dos coletivos e pessoas e pessoas que os compõem.

Frente a isso resistimos e contra todo prognóstico, fazendo frente a toda a propaganda e repressão, milhares de pessoas acobertaram em Cancún a um cadinho de mulheres de todo o planeta que com suas mãos conseguiram trespassar as cercas que nos queriam separar daqueles que se negam a atender nossas demandas... e que ao final tiveram que escutá-las.

Por isso devemos tomar este feito como um fracasso espalhafatoso da política econômica que representa a OMC e um novo êxito do movimento anti-globalização que convém celebrar... e talvez um bom momento para fazê-lo seja a Manifestação Internacional contra os despejos que acontecerá no próximo dia dia 4 de outubro na cidade de Barcelona.

E para quem depois de ler estas linhas ainda se pergunta como pôde acontecer o que passou em Cancún, como podemos chegar ali, por quê se conseguiu que a OMC fracassasse... que pense nesta frase escrita nas paredes da Kasa de la Muntanya, outro centro social que quer ser o próximo objetivo desta política de repressão:

"O fascismo avança se não lutas" Compareça à Manifestação Internacional em 04 de outubro em Barcelona


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