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Convocatória para o ato crítico de um mês do assassinato de Carlo Giuliani
em luto pelas mortes do cotidiano
em luta e resistência
Date: Fri, 17 Aug 2001

Novamente se dará em Belo Horizonte, em frente ao Consulado da Itália no dia 20 de Agosto, um ato simbólico em solidariedade e memória do companheiro assassinado na Itália no dia 20 de Julho de 2001, Carlo Giuliani. O ato crítico será na Avenida Afonso Pena, em frente ao número 3130 onde se encontra o consulado.

O ato se iniciará às 7:30 da manhã e provavelmente se estenderá até a hora do almoço ou até quando quem estiver presente decidir. Haverão diversas atividades que pretendem atacar o Estado e o Mercado, como também a atitude do Estado italiano assassino, que como tod@s nós sabemos, é a configuração padrão de todos os Estados nacionais. Assim, entendemos que o nosso ato de repúdio à atitude da polícia italiana, braço do Estado, também é uma atitude internacional de repúdio à todas as forças autoritárias estatais assassinas.

Quando nós, Coletivo Acrático Proposta, saímos às ruas junto a outr@s companheir@s para protestarmos contra o Estado e mais esse assassinato, temos consciência da necessidade da autocrítica que nos esforçamos para praticar em nosso coletivo, e que gostaríamos de compartilhar com noss@s outr@s companheir@s de luta, que é a vontade pela resistência consciente e criativa, internacional, solidária, que ataca por todos os lados a martirização (e consequente separação das outras pessoas) de Carlo Giuliani e de qualquer outra pessoa, uma vez que não acreditamos de forma alguma, e isso gostaríamos muito de compartilhar com tod@s, na separação entre manifestantes/ativistas e as pessoas que vivem a resistência cotidiana. A crítica à essa separação e ao especialismo (no caso, do ativista que se apresenta como um profissional da manifestação, aquele/a que representa o povo nos protestos) torna-se nossa arma autocrítica maior, e praticando-a cotidianizamos a luta ainda mais, radicalizando-a, fazendo com que ela seja mais resistente e crescente.

Da mesma forma que acreditamos na luta como cotidiana, sem a separação de ativistas e povo, também acreditamos que a luta apenas se torna realmente válida quando revolucionária, autogerida, sendo anti-Capitalista (e não anti-globalização), anti-autoritária e anti-burocrática. Cada vez mais se afasta esse teor de tod@s nós que resistimos, e não muitas pessoas estão percebendo esse distanciamento crítico revolucionário. Os grandes protestos globais crescem, mas junto com eles cresce a força da esquerda oficial reformista e dos autoritários, que tendem a se reivindicar como frente da nossa luta, do povo trabalhador e resistente.

Muitos dos meios existentes que se posicionam como ativistas ajudam para que a luta revolucionária se enfraqueça. Grupos e redes de ação direta formada por ativistas profissionais se proliferam pelo mundo, e não possuindo um posicionamento crítico quanto às esquerdas oficiais que querem humanizar o Capitalismo, e quanto aos autoritários, cada vez mais legitimam a existência desses oportunistas em nossa luta, como controladores dela. É importante haver agora entre tod@s nós, uma autocrítica que nos leve a pensar o movimento não como frentes separadas do resto do povo, mas como parte do povo, assim como temos que partir para uma aproximação da crítica ao Estado e ao Mercado feita no cotidiano de nossas vidas. Lemos um comentário de um companheir@ que dizia mais ou menos - pois nos falha um pouco a memória - que "enquanto em Gênova, se reuniam em cúpula os 8 que representam todo o mundo mercadológico/estatal, nas ruas se reuniam aqueles/as que acreditam representar a luta do povo oprimido"1.

Manter essa postura de apoiador de toda e qualquer esquerda faz-nos a cada dia perder mais forças divulgando @s candidat@s a gerentes do mundo, desde localmente à mundialmente, e não queremos líderes esquerdistas, queremos a luta revolucionária e autogestionária. Se a luta não é feita por nós, pessoas que são oprimidas no dia-a-dia, então não há motivo para se continuar por esse caminho, uma vez que ele se corrói ao apoiar as esquerdas humanizadoras do Capitalismo, e as esquerdas vanguardistas autoritárias.

Enfim, convocamos e apoiamos a convocatória para um ato internacional e local (no caso em Belo Horizonte) contra o Capitalismo, contra os Estados (pois todo Estado é assassino), contra o autoritarismo, contra o reformismo e todas as separações Históricas que sofremos, nós, trabalhadores oprimidos, contra as quais nos levantamos para destruir.

Vamos às ruas companheir@s, mas vamos em diálogo prático, contínuo formando diversas vozes e em cantos unidos para resistir e destruir o poder do Capital e o Estado. Dia 20 de Agosto é um dia de solidariedade e resistência, façamos essa solidariedade e resistência acontecer todos os dias, sabendo que companheir@s como Carlo Giuliani morrem todos os dias nas ruas que estão tomadas pelos Estados, e mais, devemos nos lembrar especialmente de Carlo Giuliani não como alguém que morreu lutando por uma polícia ou um Capitalismo mais justo ou humanizado, mas como um resistente e combatente ao Capitalismo.

Um grande abraço à tod@s;

CAP - Coletivo Acrático Proposta


1Você companheir@ (e outr@s que também apoiam essa crítica) que escreveu esse comentário, por favor, entre em contato conosco do CAP em cap@independente.net.


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